ABRUPTO: "Ainda a propósito dos incêndios, julgo que mais que tudo a 'época de fogos' mostra-nos um retrato claro de um país profundamente terceiro-mundista, nos conceitos, nas atitudes e num estranho apego à boçalidade, como se de um bem valioso se tratasse. A culpa, essa é sempre dos outros, da falta de meios, do governo, dos pirómanos, das autarquias, da seca, mas nunca, nunca mesmo dos próprios, que constroem sem cuidar da envolvente, que acumulam lixo em áreas perigosas, que deitam vidros para o chão, que operam máquinas geradoras de faúlhas no Verão dentro das matas, que fumam e deitam beatas para qualquer canto, que insistem nas queimadas proibidas, etc., etc. Depois vem o cortejo dos directos televisivos, cujos jornalistas competem pela proximidade às chamas e pelo despropósito dos comentários. Usam-se os chavões habituais, desde o 'fogo posto' até à 'falta de meios', o que quer que seja que isso quer dizer. Segue-se um habitual confronto estéril entre um qualquer membro do governo e os representantes das oposições e já está, cumpriu-se mais uma época de fogos em Portugal, para o ano há mais.
(...) João Silva"
14 de agosto de 2005
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