vitor azevedo: "The first one is a well known portuguese politician that writes a mass-visited blog and the second one, Paulo Querido, is a journalist (among other things) that writes in Expresso’s magazine Única (supplement of the weekly paper). They are fighting over the portuguese blogosphere."
ABRUPTO: "É que qualquer análise dos blogues, principalmente dos que escrevem sobre política, que não são necessariamente blogues políticos, não pode deixar de ter em conta outro elemento fundamental para além das “audiências”, o sistema de referências cruzadas de citação. É aí que se pode medir melhor a influência e não é por acaso que a Technorati o usa para fazer as suas listas."
Mas certamente que sim! (1): "Compreende-se que JPP invoque tantas vezes o Technorati, sobretudo quando levamos em conta que o Abrupto tem uma clara estratégia de afirmação de uma personalidade em determinado meio como reforço da sua capacidade de intervenção no espaço público, neste e noutros meios. (...) Mas eu não posso usar o Technorati como instrumento de medição de influência num determinado campo pela simples razão de que não é isso que o Technorati mede. O que o Technorati mede é a quantidade de hiperligações que cada endereço possui. (...) Assim, o sistema das referências cruzadas tende para cristalizar e valorizar os mais antigos. Acresce que o Technorati também não nos esclarece sobre os reais motivos que levam algumas (...) pessoas a ligar um post de JPP na esperança de lhe atrair o olhar ao respectivo blogue e obter a sinecura de uma citação que nesse dia fará disparar as modestas audiências."
Ma-Schamba: "Registo que ali se referem estatísticas que procuram demonstrar o que me parece demonstrável até sem elas - a diferenciação temática do bloguismo no país, e o concomitante descentramento no político e afins. Basta andar por aí para ver. Em suma, com mais ou menos credo na popularidade do Hollywood não me parece haver ali alguma heresia, apesar do argumento vir em contra-corrente à auto-imagem das últimas semanas (Ota, fogos e etc. a escaldarem o verão do norte)."
Mar Cáustico: "Não observo crise. Constato felizmente que os blogs têm trazido mais reflexão sobre a nossa sociedade. Levaram a renovação possível a alguns média - os que deixaram - com a oportunidade que foi dada a alguns opinadores blogueiros a colaborar em jornais."
A Peste: "Não percebo - e continuo a não perceber, porque Paulo Querido não explicou - porque é que o recuo do "político" é o recuo do "intelectual". Afinal, poesia, ensaios e cultura soa-me a intelectual quanto baste. (...) Ora, a menos que “intelectual” esteja necessariamente relacionado com “político” – e eu acho que não está -, nada implica que a blogosfera tenha deixado de representar a faixa intelectual do país. (...) Enquanto a blogosfera dominar a vanguarda do debate de ideias – o que não lhe será difícil, já que a ela própria é uma das principais ideias em debate -, ela representará a faixa intelectual do país ou, pelo menos, uma sua falange significativa."
ABRUPTO: "É tão evidente que este é um elemento crucial na análise de qualquer influência na blogosfera que parece absurdo pretender que blogues que nunca aparecem citados na blogosfera possam ser recordistas de audiência. Não há na blogosfera blogues secretos, onde toda a gente vai e ninguém fala, (nem mesmo os eróticos e pornográficos)"
Glória Fácil: "Além do mais, a questão não é de "audiência" - que é escassa, apesar do crescimento do fenómeno blogosférico nacional - mas sim de "influência". Como bem explicou o Filipe Santos Costa, no Diário de Notícias, "os blogues de política são bastante lidos nas redacções dos media tradicionais e, desta forma, condicionam em certa medida o olhar da comunicação social". Por outras palavras: os blogues falam para poucos mas falam para quem tem influência, para quem os pode ampliar nos tais 'media' tradicionais. E nos media tradicionais há quem saiba distinguir o trigo do joio e quem não saiba (ou não queira, tanto faz)."
Mas certamente que sim! (1): "O Technorati não mede tanto a influência, mas a celebridade na rede. O Abrupto é uma celebridade na rede portuguesa.
Mas o Abrupto é também um blogue influente. Mais: como deixei patente na reportagem, tem capacidade de aglutinar energias, como se viu recentemente no caso Ota. Isso sim, é ter influência. Obter um grande technorati só alimenta o fogo da vaidade."
ABRUPTO: "Vale a pena para se ver o absurdo das conclusões do Expresso - ou o GatasQB , que não é um verdadeiro blogue (como o Belle de Jour é) , mas uma colecção de fotos de mulheres, que tanto podia ser uma página pessoal ou um site, e usar estes "dados" para argumentar qualquer tese. Já para não falar do Hollywood, que tem (até ontem) uma média de visitas de 258 (46º no Blogómetro), e possa ser apresentado como “o blogue mais lido do espaço português”."
Mas certamente que sim! (1): "A Quadratura do Círculo é um programa da SIC Notícias praticamente sem audiências e com basta influência no meio político. Do outro lado, a telenovela Morangos com Açúcar é campeã de audiências mas a sua influência no dia-a-dia do país é quase nula e na tomada de decisões políticas andará ao nível da influência do planeta Marte: incomensurável de ínfima… (...) o que o irritou solenemente foi o público do Expresso poder ver que hoje há mais blogues bastante lidos, que o Abrupto já não é o único, que a blogosfera cresceu para além dele."
A Peste: " Ainda assim, o que leva Paulo Querido, depois de elaborar o gráfico com o top 5 do Blogómetro (Abrupto, Aqui é só Gatas, Grande Loja do Queijo Limiano, Afixe e Poemas de amor e dor), a dizer que o Hollywood (#45 do Blogómetro, no momento em que escrevo) é o “blogue mais lido do espaço português (…), extrapolados os dados disponíveis sobre o acesso de leitores a esse e aos outros blogues de que são conhecidos registos públicos”? Seria bom que Paulo Querido explicasse como fez essa extrapolação, já que, em suma, o que ele afirma é que o Hollywood é o blog mais lido, ainda que não seja o mais visitado, e qualquer blogger gostaria de confrontar o número de visitas ao seu blog com a intensidade real com que ele é lido."
Mas certamente que sim! (1): "Quanto ao Hollywood e à minha extrapolação, é claro que a posso explicar e fá-lo-ei de seguida, não sem antes fazer uma declaração: não caberia a seguinte explicação nas páginas do Expresso.
As estatísticas no sítio, como é o caso das estatísticas relativas aos blogues alojados no weblog (http://weblog.com.pt/estatisticas/), são mais fiáveis (...) que as estatísticas elaboradas remotamente. Blogues como o Afixe, o Terceiro Anel, o Xupacabras e o BdE(II) surgem com melhor sitemeter que o Hollywood, mas nas estatísticas internas este bate-os por muito; com alguma atenção a ambos os números ao longo do tempo e sobretudo ponderação na análise, é possível estabelecer, com razoável grau de certeza, que factores de distracção (desconhecidos, porque o Sitemeter nada revela sobre o seu sistema) impedem a correcta apreciação dos valores de alguns blogues, desvalorizando sistematicamente uns e valorizando sistematicamente outros."
A Peste: "Paulo Querido diz que não emitiu opinião no artigo. Tudo bem. Mas o artigo tem um problema: gráficos, percentagens de audiências e uma aparência geral de avaliação quantitativa. Paulo Querido diz, no entanto, que o Sitemeter não lhe permite arriscar mais do que "conclusões gerais sobre tendências e posições relativas". Diz também que "as estatísticas no sítio (...) são mais fiáveis (...) que as estatísticas elaboradas remotamente". Não contesto. Mas o Hollywood, sendo Weblog.com.pt, tem essas estatísticas no sítio, ao contrário do Abrupto, da Grande Loja do Queijo Limiano, do GatasQB (que são Blogger) e do Poemas de amor e dor (que é Sapo). Ou seja: Paulo Querido elaborou um top 5 com base nos dados de um serviço que não lhe permite arriscar mais do que conclusões gerais, mas adiantou o nome do blog possivelmente mais lido na blogosfera portuguesa com base num serviço que, sendo mais fiável, apenas dá dados quanto a um dos vários tipos de conta existentes na blogosfera portuguesa."
ABRUPTO: "O papel da citação nos blogues também permite perceber o erro fundamental de análises como a que Querido faz no Expresso e que mais do que uma verdadeira análise é uma opinião pessoal (ou um desejo) para a qual se procuram frágeis dados de suporte. Aliás nem sequer é nova a opinião, já foi repetida várias vezes no passado como uma espécie de wishful thinking."
Mas certamente que sim! (1): "JPP não contesta verdadeiramente a reportagem: dá-lhe outro nome, o nome de opinião pessoal (ou desejo). Ao dar-lhe outro nome está apenas a depreciá-la. Não está a analisá-la e muito menos a contrapor-lhe factos. Pretende apenas desvalorizar, relativizar uma reportagem porque esta não lhe agradou. O que JPP apresenta como "factos" "contra" a minha "opinião" são outros factos, é outra conversa."
Estranho Estrangeiro: "A blogosfera portuguesa começa a ser invadida pela lascívia bruta – ao contrário dos relatos obsceno/refinados do Pipi –, o que traduz uma massificação da blogosfera, outrora “abruptizada”, ou elitista. A influência pública de um desses albergues de salacidade é nula, assim como a sua credibilidade. Reconhecendo o espaço de todos, não posso doar credibilidade intelectual a quem se limita a exibir erotismo ou pornografia. (...) Se a blogosfera espelha, de algum modo, a conjuntura nacional, é a vacuidade do sexo e do futebol que predomina, e inclemente, conquista mais terreno. Terminou o período edénico, durante o qual víamos na blogosfera a redenção da decrepitude."
A Peste: "Toda esta discussão acaba por ser, no fundo, os blogs a assumirem a função de "watchdogs" da imprensa. Não sei é se o Paulo Querido esperava a ironia de isso acontecer desta maneira em relação a um artigo em que ele escrevia isso mesmo."
26 de agosto de 2005
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